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18/01/2016 10h35
Moto “rouba” trabalho e faz cavalo virar bicho de estimação em SP

Com o aumento da renda nos últimos anos, muitos trabalhadores rurais brasileiros colocaram motocicletas para fazer trabalhos antes exercidos por cavalos, jegues e jumentos. O resultado desse fenômeno é que milhares desses animais acabam abandonados. No Ceará, por exemplo, mais de 10 mil animais abandonados que vagavam pelas estradas do Estado foram capturados desde 2012, segundo dados do Detran local.

Adquirir uma moto não implica necessariamente que o bicho deixou de ser útil. Se no Nordeste a prática do abandono é generalizada, encontramos gente que usa uma saída mais correta com os animais: torná-los animais de estimação.

Vale lembrar que abandonar um animal é crime ambiental de maus-tratos (Lei Federal 9605/98), com pena de três meses a um ano de prisão mais multa.

Agilidade

Trocar o cavalo por moto foi o que Leonardo Pinheiro Neto, ferrador de cavalos do interior de São Paulo, fez: ele usava uma carroça para se deslocar entre haras, fazendas e sítios há alguns anos, e muitas vezes tinha de colocar ferradura em seu próprio animal para chegar ao destino, perdendo bastante tempo.

Então, decidiu comprar uma motocicleta. Nela, carrega todas as ferramentas e até uma bigorna de 50 quilos na rabeta, para manter boa distribuição de peso ao longo das jornadas.

Custo menor

"A moto é mais ágil e barata de manter. Se antes eu gastava R$ 1.200 por ano só para selar meu cavalo, agora gasto R$ 400 para comprar pneus", afirmou Pinheiro Neto. "Isso sem computar ração, veterinário etc. Claro que a moto tem custos de manutenção, mas não é algo diário como é com o cavalo", explicou. A solução para não abandonar o velho companheiro foi mantê-lo como animal de estimação.

Jardineiro em Atibaia (SP), Margarido Siqueira seguiu a mesma linha. Aos 72 anos e desde os cinco cuidando de cavalos, ele trocou um grupo que chegou a ter 12 animais por uma moto. Hoje tem apenas uma égua de estimação. "Nem monto mais nela. Afinal, minha moto não precisa de ração, né?", brincou.

Talvez esta seja a saída para manter o negócio e não largar à própria sorte bichos que por anos ajudaram a sustentar muitas famílias que vivem no campo.

(Com informações do UOL)