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23/02/2021 11h30
Cadê os motoboys na prioridade da vacinação?

Em março do ano passado, quando a pandemia fez com que milhões de brasileiros ficassem em casa, motoboys de todo o país foram vistos como heróis, sendo a ponte entre as pessoas e empresas, fazendo com que as mais variadas entregas fossem levadas até seus tomadores, não deixando, assim, a economia parar e, principalmente, que as mais básicas necessidades fossem atendidas.

As compras online e os pedidos de envios cresceram dia a dia. Empresas, que viraram reféns dos serviços home office, tiveram a garantia de que tudo chegaria nas mãos de quem precisasse. E quem estava nessa linha de frente? Os entregadores, arriscando suas vidas em prol de manter essa atividade em pleno funcionamento.

Nossas empresas celetistas intensificaram as medidas de segurança, muniram seus motofretistas de equipamentos de proteção, ainda assim, sabemos que o risco está no ar, nas atitudes dos próprios tomadores que, muitas vezes esquecem que o motoboy está lá, com a sua máscara no rosto, álcool em gel no bolso, mas esse mesmo receptor não percebe que os cuidados devem ser recíprocos.

Sendo assim, lançamos a campanha Receba de Máscara/ Respeite o Motoboy como forma de conscientizar as pessoas sobre o elevado risco de contágio a todos.

Nossos motoboys prosseguem. Onze meses já se passaram, uma preocupação a cada dia. Agora, chega a vacina que tanto esperávamos e, com ela, a nossa expectativa de que os entregadores – e aqui não faço menção apenas aos celetistas e sim a todos – serão vistos como prioritários numa lista que parece não ter fim.

Agora, vamos aos fatos recentes:

No final de janeiro o Ministério da Saúde anunciou nova lista de prioridade com a relação dos grupos que poderão tomar a vacina contra a Covid-19 e qual a ordem de cada um. Ao todo, são 27 categorias prioritárias. O PROFISSIONAL MOTOBOY NÃO CONSTA NESSA RELAÇÃO.

Entendemos a prioridade majoritária em assistir primeiro quem está na linha de frente da Saúde, pessoas idosas, povos indígenas, dentre outras listadas no critério de vacinação. Ocorre, porém que, quando essa listagem segue aos demais trabalhadores, vimos como essencial, primordial e mais do que imprescindível que esses motoboys, que desde o início colocaram-se, e colocam, suas vidas e de seus familiares e demais colegas em risco, sejam também incluídos nessa ordem.

Por conta disso, nossa entidade está encaminhando ofícios a diversos órgãos competentes das esferas municipal, estadual e Federal solicitando uma revisão dessa prioridade PARA QUE SEJAM INCLUÍDOS TODOS OS MOTOBOYS COMPROVADAMENTE ATUANTES nessa lista prioritária, já que esses profissionais seguem diariamente suas atividades em contato direto com milhares de pessoas, sob grandes riscos de contágio.

Vale destacar que , de acordo com o Ministério da Saúde, segundo o Plano Nacional de Imunizações (PNI), municípios e estados têm “autonomia para montar seu próprio esquema de vacinação e dar vazão à fila de acordo com as características de sua população, demandas específicas de cada região e doses disponibilizadas”, nesse caso, importante ressaltar que na cidade de São Paulo, por exemplo, milhares motoboys percorrem a capital e entorno diariamente para atender às necessidades locais, correndo todos os riscos da contaminação e que o mesmo agravante ocorre em outros municípios do Estado.

Cabe a nossa entidade lutar pela proteção dos nossos colaboradores, esse também é o nosso papel.

(Artigo do presidente do SEDERSP, Fernando Souza)