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05/05/2020 14h40
Rádio Nacional EBC: Presidente do SEDERSP compara a atuação das empresas celetistas X aplicativos sobre medidas de prevenção contra a Covid-19

No mês de abril, o presidente do SEDERSP, Fernando Souza, concedeu entrevista para a Rádio Agência Nacional EBC, mídia de notícias referência em todo o país.

A pandemia decorrente do coronavírus e o serviço delivery feito por motoboys de aplicativo nesse tempo de isolamento social foi o tema da conversa. Fernando Souza falou sobre o diferencial entre uma empresa formal celetista e esses aplicativos sobre a segurança e medidas de prevenção contra a disseminação da doença. Um motoboy de aplicativo narrou sua preocupação sobre os riscos de contágio e como está estressante a sua rotina de trabalho. Fernando salientou que as empresas formais prestam todas as assistências aos seus colaboradores e que as ações de proteção contra a Covid-19 foram intensificadas no setor celetista.

Leia, na íntegra a reportagem:

Paulo Lima é entregador por duas plataformas de aplicativo. Ele falou que trabalha de dez a 14 horas por dia. O horário de maior movimentação é no almoço e no jantar e não sobra tempo nem recursos para ele fazer uma refeição. Muitas vezes a alternativa é uma marmita preparada de manhã, que fica exposta ao calor e a movimentação de suas viagens.

"E aí também não tem como parar para comer porque o horário que a gente trabalha é no almoço, é o horário que a gente mais trabalha e na janta. Então a gente teria que parar depois do almoço ou depois da janta para estar se alimentando e aí comendo essa marmita fria, virada e possivelmente estragada porque na rua a gente não tem dinheiro, não sobra dinheiro suficiente para ficar pagando um almoço e uma janta todo dia na rua, entendeu?".

Ele fala que o fornecimento de refeições dos motoboys é uma reivindicação antiga dos entregadores de aplicativos. Paulo também dia que a pandemia do coronavírus modificou a rotina de sua casa. Ele mora com a esposa, a filha de dois anos e a avó de 78 anos.

"Quando eu chego em casa eu corro para a área e coloco as minhas roupas numa sacola plática de lixo, né, guardo ela num cantinho para ser lavada, vou para o banheiro, me higienizo e daí que eu dou o aval para a minha esposa poder soltar a minha filha do quarto para eu poder vê-la, poder brincar com ela. Mas enquanto eu não faço todo esse processo de higienização eu não posso ver a minha filha. E a minha avó que mora no mesmo quintal aqui tem um tempo que eu não vou lá vê-la, eu falo de longe, converso de longe para não ter contato com ela".

Mesmo com essa nova realidade, Paulo diz que os aplicativos ainda não se mobilizararm para fornecer álcool em gel ou máscaras para os motoboys e só consegue álcool nos estabelecimentos que busca entregas. Também, não conseguiu máscaras ainda, por isso ele foi um dos organizadores de um abaixo-assinado pela internet demandando aos aplicativos que forneçam máscaras e álcool em gel para os entregadores. Até o momento o abaixo-assinado já está com mais de 118 mil assinaturas.

No último dia 6 de abril, o Tribunal Regional do Trabalho cassou uma liminar que determinava que o serviço de aplicativo iFood pagasse um salário mínimo a entregadores que fizessem parte de grupo de risco ou que tivessem se contaminado com a Covid-19.

Para Fernando Souza, presidente do Sindicato das Empresas Distribuidoras das Entregas Rápidas do estado de São Paulo, a decisão foi um retrocesso, pois há decisões judiciais anteriores reconhecendo vínculo empregatício e que essa medida coloca a vida dos motoboys em risco, pois fica a cargo da categoria a busca de medidas de proteção contra o coronavírus. Fernando também explica que as empresas associadas ao sindicato que empregam com vínculo celetista tem intensificado medidas para impedir o contágio dos entregadores e que elas têm sido bem sucedidas.

"E as empresas, por si só, elas já têm estrutura de banheiro, sabonete, água potável, área de descanso para esses profissionais e isso para nós é bem tranquilo, e tendo em vista que nós não tivemos nenhum caso de Covid-19 no nosso setor celetista" – Fernando.

Segundo Fernando, a pesquisa informal foi feita semana passada pela direção do sindicato, que tem mais de cinco mil e quatrocentos associados em todo o estado de SP.

Procurada, a iFood não respondeu contato até o fechamento da reportagem. Por meio de nota, a Rappi diz que importou centenas de milhares de frascos de álcool em gel e máscaras antibacterianas para que seja disponibilizadas aos profissionais e afirma também que tem feito comunicações frequentes aos seus colaboradores com orientações de como se prevenir contra a Covid-19.

Da Rádio Nacional em São Paulo, Nelson Lin.

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