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18/04/2020 16h00
Covid-19 - Programa da HBO critica veementemente a postura dos apps de entregas

No programa Greg News desta sábado (18), da HBO Brasil, o comediante e apresentador Gregorio Duvivier fala sobre a precarização do trabalho do motoboy de aplicativos desde o advento desses apps até os dias atuais, culminando na exploração e exposição aos riscos do entregador delivery nesses tempos de pandemia de coronavírus. Vale a pena ver do início ao fim.

O artista fala, de forma descontraída, como é o trabalho desses entregadores, quanto ganhavam no início dessa atividade no país e quanto recebem hoje e mostra, como exemplo, a fala de um motoboy que faz um comparativo de seu trabalho em um ano de entregas via app e um ano depois. “Em setembro de 2015 eu fiz 34 serviços, ganhei R$ 5300. Em setembro de 2016 fiz o dobro de entrega e ganhei menos da metade, isso é o que? É um bico do motoboy”, conta o entregador.

Greg também faz questão de mencionar a corresponsabilidade do tomador, que, segundo ele, muitas vezes tem a noção dessa exploração, mas, por comodidade, aceita. “É porque você está lá (aplicativos) que os entregadores não podem sair”. Ele se inclui nessa responsabilidade, mas deixa uma reflexão a todos. “Essas empresas não têm que seguir nenhum contrato de trabalho?”. O apresentador destaca, também, trecho de uma entrevista com um dos fundadores de um dos aplicativos em que diz que o maior obstáculo em implantar seu aplicativo no Brasil não foram os concorrentes e sim a legislação trabalhista. “Ele não quer que os entregadores sejam considerados empregados da empresa, porque isso daria a eles direitos trabalhistas básicos, por isso ele diz que o aplicativo fornece apenas o serviço de tecnologia”, diz Greg.

Sobre a pandemia da Covid-19 e os riscos dos motoboys, Duvivier aponta que “o que já era ruim, ficou pior” e que “além de trabalhar mais e ganhar menos, os entregadores estão muito mais expostos ao vírus e o que as empresas (de aplicativos) têm feito para diminuir esse risco é quase nada. No início dessa pandemia, eles enviaram um comunicado com informações sobre como se prevenir do contágio e só. Os aplicativos demoraram mais de um mês para fornecer máscaras e álcool em gel aos entregadores”. Ele comprara, ainda, que um desses apps preferiu investir muito mais em auxílio aos parceiros donos de restaurantes aos seus motoboys e citou também a derrubada da liminar contra o iFood, que tinha sido obrigado a indenizar com até um salário mínimo o motoboy que contraísse a doença ou estivesse no grupo de risco. “Isso porque a justiça sequer entrou no mérito do que aconteceria se o entregador morresse de coronavírus, afinal, a maioria deles, por ser informal, não contribui com INSS. Se ele morrer, a família não recebe nada. Sabe o que mais a liminar pedia, e que vocês não fazem ideia que o aplicativo providenciasse? Espaço para higienização dos veículos, dos capacetes, das jaquetas, além de credenciar serviços de higienização. A justiça também acha que os entregadores devem receber água potável para se hidratar, como mandam os protocolos de saúde", disse.

Por fim, o apresentador enaltece o trabalho dos entregadores, que estão fazendo um trabalho essencial nesse período de isolamento social.

“A verdade é que quem está salvando são os entregadores, não é a Rappi, o iFood... aliás eu acho que não merecem nem esse nome de empresários, afinal eles fazem questão de lembrar que não geram emprego, que não investem em moto, em capacete, nem mochila. São os entregadores que parcelam as máquinas da empresa, os itens de segurança, o uniforme, o combustível, até a mochila que eles carregam nas costas com o logo da empresa e, por fim, são os entregadores que assumem todos os riscos, toda a flutuação de preço, a variação de mercado, os riscos da rua e de saúde”.

Até este sábado (18/4), o vídeo, publicado no youtube, teve mais de 681 mil visualizações. Para ter acesso, copie e cole o link: https://m.youtube.com/watch?v=v3B9w6wWNQA&feature=youtu.be