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04/03/2020 11h00
Dez anos depois da criação de regras, serviço de mototáxi ainda causa controvérsia

A cidade do Rio de Janeiro está prestes a publicar os detalhes para o cadastramento dos profissionais. Já em São Paulo, a prefeitura não está disposta a regulamentar a atividade. Veja matéria da CBN, da série 'Desafios sobre duas rodas'.


"O horário que eu começo a rodar é 7h. Aí quando dá meio-dia eu paro pra almoçar, vou em casa, dou uma descansada, volto mais ou menos às 15h, umas 14h30. E aqui eu rodo tudo: cidade, dentro das comunidades também. Minha profissão anterior era barbeiro, mas vou te falar, eu não pretendo voltar, não. Vou permanecer, acabei gostando".

Fernando tem 23 anos e começou a trabalhar como mototaxista no ano passado. Assim como ele, aproximadamente 100 mil pessoas prestam esse serviço na cidade do Rio de Janeiro. O prefeito Marcelo Crivella assinou no fim do ano passado um decreto que regulamenta a profissão no município.

Os mototaxistas devem ter pelo menos 21 anos de idade, CNH na categoria A por pelo menos dois anos e curso profissionalizante. Exigências positivas, na visão do mototaxista Antônio, de 25 anos: "Eu acho que todos os mototáxis teriam que ser legalizados. Tem muitos pontos de mototáxi clandestinos por aí que disputam passageiro com os outros e muitos deles não são nem habilitados".

O Conselho Nacional de Trânsito estabeleceu regras para o exercício da profissão em 2009, mas a regulamentação fica a cargo dos municípios. Em 2018, o prefeito de São Paulo, Bruno Covas, sancionou uma lei que proíbe o mototáxi na cidade, mas no fim do ano passado a Justiça entendeu que o texto é inconstitucional.

Ainda assim, a gestão não está disposta a liberar a prática na cidade, como deixa claro o secretário municipal de Mobilidade e Transportes, Edson Caram: "Mototáxi em São Paulo não é reconhecido e nem vai ser reconhecido. Você teria que criar cursos, chapa vermelha pra moto e outra: se você está lutando pra defender a população, pra andar de uma forma mais segura, liberar mototáxi seria ir na contramão daquilo [por] que a prefeitura está trabalhando, quer dizer, mototáxi em São Paulo não é bem-vindo, não vai ser aceito".

Outra preocupação das autoridades é o uso de motos em assaltos. O comandante de companhia da Rocam, que é a Ronda Ostensiva com o Apoio de Motocicletas da Polícia Militar de São Paulo, capitão Thiago Depieri, alerta que criminosos chegam a se disfarçar de entregadores para enganar as vítimas: "Aqui, por exemplo, a gente já registrou diversos flagrantes em que o criminoso estava com aquela mochila que eles costumam usar pra levar alimentação. E muitas vezes com marca de aplicativo de entrega, então visualmente, na rua, ele parece um entregador trabalhando".

As motos também estão na mira dos criminosos: quatro são roubadas a cada hora só no estado de São Paulo. Segundo a PM, as motos acima de trezentas cilindradas são usadas para cometer outros crimes por causa da agilidade e da rapidez. Já as motos de menor potência são alvos de furtos nas regiões centrais geralmente para a revenda de peças. O combate aos crimes passa pelo fechamento de desmanches e pelo patrulhamento ostensivo, também com o uso de motos.

(Rádio CBN)