Notícias

11/06/2019 10h05
Motoboys de aplicativos veem renda diminuir com aumento da concorrência

Empresário de motofrete. O que já era assunto entre o nosso setor, agora virou pauta em várias mídias, que passaram a conhecer a rotina dos entregadores por aplicativo e a relatar a precarização desse trabalho. Veja mais um trecho de reportagem da série “Profissão Aplicativo”, da rádio CBN:



Há dois anos Igor, 22 anos, trocou o emprego com registro em uma empresa de motofrete e aderiu aos aplicativos. Logo passou a trabalhar 11, 12 horas por dia, todos os dias. Nesse ritmo, chegou a ter uma renda de quase R$ 5 mil por mês.

Comprou uma moto para a mulher e mobiliou a casa no Capão Redondo, onde mora com ela e a filha de sete meses. Hoje, ele diz que a realidade mudou: reclama que o valor das entregas tem diminuído. E a quantidade de entregadores só aumenta.

- Estava bem melhor quando eu comecei. Está entrando muito motoqueiro novo na rua. Compra uma "motinho X" de prestação promoção e quer vir para o APP aí também já caem os "trampos". Estou há quatro anos na rua. Nunca vi a rua desse jeito. Aí a mulher me chama e diz: "o Igor, quanto você cobra pra ir ali no centro. Pra levar um documento e trazer aqui? Te cobro R$ 80. Aí, nossa, mas eu vi no aplicativo que estão cobrando R$ 23". Você vai falar o que? Aí tem o "nutella" (novato) que está chegando agora na rua e faz o trampo. É isso que está acontecendo. Trabalho 12 horas, mais, às vezes, de domingo a domingo, pra levar um dinheiro. Se não, não leva não.

- Quando foi sua última folga?

- Só Deus sabe (risos). Está passando o tempo e eu nem estou vendo minha filha crescer.

Igor afirma que foi excluído de um dos APPs porque deixou cair a batata frita de um cliente.

Ricardo trabalha no mesmo ponto de Igor. E tem a mesma opinião com relação ao poder dos aplicativos.

- Ricardo: Do nada eles bloqueiam você. Fica uma semana sem trabalhar. O foco é a reclamação do cliente que gera bloqueio semanal ou definitivo como o dele (Igor). O cliente denunciou, já era.

- Igor: Pode ter o tempo que tiver de casa, pode ser o que faz mais dinheiro, eles não estão nem aí. Você é apenas um número para eles.

(Com informações da Rádio CBN/ Imagem USP - Reprodução site CBN)