Mensagem do presidente

30/04/2019 17h30
Correios: privatizar, sim, mas com muita cautela

Não é novidade nenhuma dizer que vivemos em meio ao caos diante do serviço monopolizado de entregas da Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos. Não é à toa que ela virou alvo de críticas, não somente de quem é do segmento de entregas rápidas, bem como de seus clientes, dada a ineficiência logística e infraestrutura precária. Não bastasse, a burocracia e intervenção estatal - justamente por ser uma empresa pública, subordinada hoje ao Ministério das Comunicações, Ciência, Tecnologia e Inovação - inviabilizam cada vez mais o serviço.

Tornamo-nos, sociedade de um modo geral, vítimas das influências políticas ante a forte acomodação de indicações em cargos de direção, sem contar as inúmeras greves que atrasam cada vez mais os envios.

Não é de hoje que o segmento de entregas rápidas das empresas privadas, que sempre preza pela qualidade no atendimento, discute, debate e cobra o fim desse monopólio. Neste mês, o tema voltou à tona com a notícia de que o presidente Jair Bolsonaro iria autorizar estudo para a privatização dos Correios.

Do ponto de vista do fim da monopolização e desestatização, a iniciativa é vista com bons olhos para quem é do segmento privado. No entanto, há de se focar os holofotes para um outro entrave que assola o setor de distribuição: os aplicativos irregulares. O governo precisa estar bastante atento para não transferir um problema e causar outro, de dimensão muito maior.

Em suma, a privatização dos Correios é mais do que necessária, é imprescindível, no entanto, deve haver muita cautela na abertura dessa concorrência às empresas privadas, levando em conta todos os aspectos e impactos social e econômico que essa mudança trará, afinal de contas, sabemos da existência de grupos de aplicativos que têm muito investimento de capital, porém, nenhuma ética profissional e respeito relacionado ao segmento de um modo geral.

Fernando Souza - presidente do SEDERSP